SITE DO EXÉRCITO ATUALIZA VERSÃO SOBRE GOLPE MILITAR DE 1964
Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo – 21.05.10
O Exército reescreveu a História do Brasil. Sua página na internet afirma que o golpe militar de 1964 foi uma opção pela democracia. "Eufórico, o povo vibrou nas ruas com a prevalência da democracia", lê-se em um dos capítulos da sinopse histórica do Exército, intitulado Antecedentes e Revolução Democrática de 1964. O mesmo capítulo diz que "os recentes fatos da história contemporânea demonstraram que o povo brasileiro estava certo quando, na década de 60, optou pela democracia".
O Estado questionou o Comando do Exército sobre que fatos seriam esses. A resposta, por escrito: "A queda do Muro de Berlim e suas conseqüências, por exemplo". A queda do muro, que abriu caminho à reunificação da Alemanha e representou o colapso do comunismo, aconteceu em 1989, quatro anos depois do fim do regime militar no Brasil.
Em outra resposta igualmente curta, a Força afirmou que "diversos historiadores no âmbito do próprio Exército foram responsáveis pelo texto".
O site do Exército ilustra a sua versão desse período da história com fotos do comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, liderado pelo então presidente João Goulart, e da Marcha Família com Deus pela Liberdade. Ao lado da primeira foto, uma legenda afirma que, no comício de Jango, "ficou claro que as reformas de base seriam feitas na lei ou na marra".
A versão do Exército contrasta com o livro Direito à Memória e à Verdade, editado pela Presidência da República em 2007. "Calcula-se que cerca de 50 mil pessoas teriam sido detidas somente nos primeiros meses da ditadura", diz um dos trechos do livro.
Ditadura. O tema ainda é polêmico no governo, como mostrou a recente crise provocada pelo Programa Nacional de Direitos Humanos. Na semana passada, um novo decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou do texto expressões como "repressão ditatorial" e "perseguidos políticos".
Antes disso, Lula já havia concordado em criar a Comissão da Verdade não mais com foco na apuração de casos de violação aos direitos humanos durante o regime militar, mas num período mais longo da história do País, de quatro décadas.

“É UMA CANDIDATURA DO PRESIDENTE E DO VICE PRESIDENTE”
Temer afirma que a aliança do PT com o PMDB é 'político-eleitoral programática'; o partido exigirá participação ativa no núcleo que decidirá os rumos e estratégias de campanha
Malu Delgado - O Estado de S.Paulo – 27.05.10

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Terá problema na convenção nacional?
Conseguimos unidade muito grande do PMDB. Suponho que na convenção para a decretação da aliança (com o PT) essa unidade se manterá intacta.
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Dilma estará em 2 palanques? E o presidente Lula. O que o PMDB espera?
Que haja um tratamento igualitário entre os candidatos que dão palanque a Dilma. Tudo será dialogado. O PMDB fará parte do núcleo da campanha, tem um programa de governo. Estamos fazendo uma coalizão político-eleitoral programática. Os partidos vão trabalhar juntos durante a campanha, deverão ganhar juntos e governar juntos.
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Como será a atuação do PMDB no núcleo de campanha? É o sr. que conduzirá isso pessoalmente?
Eu e mais alguns do PMDB. Na verdade, é uma candidatura do presidente e do vice-presidente. Portanto, vamos integrar todos um núcleo só de campanha. Os companheiros do PT já falaram sobre isso. Não será apenas do PT e do PMDB, mas de todos os partidos da aliança.
O ex-ministro Ciro Gomes critica a aliança PT- PMDB, e se referiu ao partido do sr. como um "roçado de escândalos", Que respostas o sr. daria?
Deu no que deu, né. Cada um tem o seu estilo. O do Ciro é mais desabrido. É claro que ele talvez tenha ficado abalado com todos esses fatos. Não fossem essas palavras exageradas acho que ele teria grande desempenho no país. Não acho que ele é uma peça a ser descartada. Ao contrário. É uma peça a ser aproveitada.