quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

‘S A C R I F Í C I O’ é meu ofício.




Foi a palavra abusada, de tão usada, pelo nobre Senador José Sarney, ao discursar na tribuna do Senado quando de sua posse como presidente daquela ilibada casa legislativa. Pela quarta vez, feito único, que com meros 55 anos de casa, superou Rui Barbosa. Pode?

Como muito(a)s já sabem, ou desconfiam, eu defendo de longa data a simples extinção do Senado Federal, na perspectiva de um Congresso Unicameral, por diversos motivos. Fiz coro com nosso Plínio (este sim, sacrificou-se na função de candidato presidencial do PSOL) nas eleições do ano passado, quando fui candidato à Deputado Federal pelo PSOL-SC, e tive a nítida sensação de que só a polêmica que a proposta gerou já lhe garantiu o mérito de informar e politizar um pouco o(a)s brasileiro(a)s sobre o que considero um verdadeiro “rebotalho da monarquia”, excrescência institucional num Brasil de hoje clama por acabar com as mordomias e penduricalhos legislativos, assim como em todas as esferas do Estado, ente colonizado por gangues e despachantes de empresas.

O Senado é o “colchão de molas” institucional perfeito para arrefecer as demandas que provindas da Câmara, se apresentam intoleráveis ao poder da elite dominante brasileira e consolida na opinião pública a visão de que existe efetiva democracia no país. De fato, o que existe é um circo de faz de conta democrático, com representações deformadas e todo tipo de anomalias que, ao longo de décadas, se consolidaram na “inevitabilidade” dos fatos consumados, para não dizer “direitos adquiridos”. Eleger-se Deputado ou Senador no Brasil é ganhar na loteria, é mudar de vida rumo ao enriquecimento rápido.
“O senador José Sarney (PMDB-AP) foi reeleito ontem com apoio de 70 dos 81 integrantes da Casa para sua quarta gestão na presidência do Senado. No discurso de posse, repetiu que marcha mais uma vez para o "sacrifício pessoal". Sarney venceu o único adversário na disputa, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), escolhido por oito parlamentares. Um senador optou por anular o voto e dois votaram em branco.” Jornal O Estado de São Paulo, 02.02.11 (vive sob censura há 550 dias)
Como o PSOL não tem uma posição oficial sobre a questão do bicameralismo ou unicameralismo do legislativo federal, é próprio do funcionamento de um partido democrático, haver defesa de propostas que nem sempre estão na ordem do dia, para que chegue o momento em que seja decidido sobre o assunto. E este, creio eu, chegará, mais cedo ou mais tarde. O que eu gostaria de ver com o mandato de um Senador psolista é um ferrenho e obstinado combate às patifarias reiteradamente denunciadas nos últimos anos no Senado, algumas das quais, senão em sua totalidade, são usufruídas pelos próprios Senadores que às denunciam, sob o argumento de que “há regras e, portanto, temos que cumpri-las”. Assim, dúzias de cargos de confiança, jatinho pra cá, jatinho pra lá, décimo quarto, décimo quinto, e assim por diante. Fosse eu algum dia, por circunstâncias inusitadas e imprevistas, um Senador, no primeiro dia do mandato proporia a revogação de TODOS os penduricalhos, leia-se mordomias, que hoje existem para consumar um circo que custa R$4bi por ano ao país. De sobremesa, uma PEC (proposta de emenda constitucional) para acabar de vez com o Senado. E, por coerência, lutaria para vê-la aprovada, embora sabedor que isto seria muito difícil. Você paga tudo isso achando que seis mil pessoas (sim, 6 mil) estão “trabalhando” para consolidar a democracia e legislando coisas “tão exclusivas” que ninguém mais, além deles, poderia legislar sobre elas. Aponte alguma coisa que o Senado faz que a Câmara dos Deputados não possa fazer ?????
Sábio conselho de um sábio petista.
Certo dia, quando estava exercendo meu mandato de vereador em Porto Alegre, um importante dirigente petista me “informou” que “política não é profissão” (para meu espanto, kkk..) e que eu deveria pensar “em algo” depois de findo o meu mandato, tão passageiro e fugaz. Isso me calhou fundo e sempre me lembro desse paternal “conselho” ao constatar que eu terminei meu mandato, segui por vários caminhos profissionais na iniciativa privada desde então, e o sábio e ilibado petista que me sugeriu esta afável “máxima” permanece até hoje como profissional da política mamando em algum escaninho estatal gaúcho. Faça o que eu digo, mas não faça o que faço. Seria o caso do laureado Sarney? Não, certamente, não seria. Ele dirá: Faça o que eu digo e faça como eu faço, aí você logo chega lá. E prova isso anunciando mais um “sacrifício pessoal” em sua vida, nada diferente de como pensam e agem tantos outros milhares de “políticos profissionais”, sem os quais, afinal, o Brasil poderia vir a ser, quem sabe, um enorme país de merda.
O sacrifício do Sarney é um deboche, um tapa na cara de todas as pessoas que voluntariamente militam em torno das boas causas sociais, que doam suas vidas (as incontáveis horas de sacrifício) na organização, na feitura das ações, dos eventos, nas discussões....miríade de tantas coisas aqui impossíveis de ser retratadas na sua totalidade e multiplicidade. Como comparar o meu sacrifício com o sacrifício do Sarney, ao constatar que milito em causas eco-sociais há 37 anos, meros 37 anos, sempre de forma voluntária, exceção feita ao lapso de quatro aninhos do mandato de vereador em Porto Alegre ????
O que dirá você? Na próxima eleição valorize mais o seu próprio sacrifício em prol das causas pelas quais você milita e o compare àqueles que apregoam um sacrifício qualquer como sendo uma espécie de “ônus da política profissional”. Recomendação de um humilde militante psolista. “Nesse país”, parece que fazer “política” não é coisa para amadores, é coisa para “profissionais”. Eu, “amador”, faço POLÍTICA.
Eco-amplexos convexos, alemão Gert
“In periculum mora”:
TAMBÉM QUERO PASSAPORTE DIPLOMÁTICO JÁ PRA NÃO FICAR EM FILA DE AEROPORTO !!!
In “fumus boni juris”:
QUERO PENSÃO VITALÍCIA JÁ PRA MIM, MEUS PARENTES DE PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO GRAUS, TODAS “EX” E AS ATUAIS TAMBÉM, EMPREGADO(A)S, MOTORISTAS, NORAS, GENROS... E O CACHORRO !!!

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